Em painel na COP28, parceiros reforçam compromisso da aviação global com o sucesso do projeto Macaúba.

Stakeholders nas áreas de produção, indústria, comércio e regulação estão alinhados para acelerar transição energética.

 

Em painel no estande da CNI, realizado terça-feira (5), o VP de Novos Negócios da Acelen, Marcelo Cordaro, iniciou as discussões explicando os pilares do projeto da Acelen, que investirá mais de R$ 12 bilhões na produção de Diesel Renovável e SAF (Combustível Sustentável de Aviação), à base de Macaúba.

Cordado enumerou os ganhos sociais, econômicos e ambientais. “Com foco na recuperação de terras degradadas, serão implantados ao menos 5 hubs agroindustriais com cultivo de macaúba. Ao todo serão 200 mil hectares de terras no Estado da Bahia e em Minas Gerais através de parcerias público/privadas e utilização de agricultura familiar, com captura de até 355 ton/ha de CO2. Na área ambiental, a previsão é que a plantação capture 60 milhões de toneladas de CO2 ao longo de 20 anos. Vamos produzir no Brasil o combustível do futuro, em um projeto “fully sustainable”: econômico, social e ambientalmente”.

Ao longo do projeto, a expectativa é movimentar mais de R$ 85 bilhões na economia e gerar mais de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos, e reduzir em até 80% as emissões de CO2 se comparado ao combustível fóssil, reforçando o compromisso da empresa com um futuro mais sustentável.

Nesse contexto, os parceiros na indústria (Airbus), comércio (AmCham) e regulatório (governo federal) expressaram desejo de acelerar a implementação de ações para harmonizar todos participantes da cadeia produtiva.       

Na sequência o Oliver Husse, diretor de sustentabilidade e meio-ambiente da Airbus demonstrou que a indústria está comprometida em criar soluções de compatibilidade em SAF. Os aviões querem ser mais verdes e Husse destacou que há um compromisso garantido da Airbus. “O projeto está alinhado aos planos da empresa. Queremos garantir que todos os aviões da Airbus (civil e militar) sejam 100% compatíveis com a SAF até 2030”.

Abraão Neto, CEO da Amcham Brasil, destacou a necessidade de desenvolver uma abordagem coerente entre Brasil e Estados Unidos quanto à regulação do comércio dos biocombustíveis.

Neto recomendou a adoção de um marco regulatório brasileiro claro, para que os biocombustíveis do Brasil possam ser exportados facilmente, competindo no mercado global com um padrão unificado, o que facilita as trocas.

O CEO da AmCham também destacou pontos estratégicos da abordagem que precisam ser consolidados: quadro regulatório, certificações internacionais, cálculo de SAF através de crédito de carbono (book and claim) e carga tributária: isonomia de impostos. “Existe uma oportunidade para impulsionar a produção de SAF e alcançar a meta de carbono neutro. O setor de aviação é crucial no esforço global contra as mudanças climáticas e como contribuição significativa para a descarbonização.

Na sequência, falou Juliano Noman, Secretário de Aviação Civil, elogiando a sintonia dos setores. “Todos os stakeholders estão bem alinhados”, elogiou.  O governo mira em 115 milhões de brasileiros que ainda não voam habitualmente por causa dos custos. A intenção primária do governo com o apoio ao SAF sustentável é reduzir o preço das passagens para poder popularizar a aviação no Brasil para além das classes A e B.

Noman também reforçou que há motivação política sincera para acelerar a regulamentação do SAF. Um marco regulatório será atingido, garantiu. “O SAF é a grande estrela para a descarboniação. Há a necessidade de um padrão global de regulação devido à natureza global da aviação. É importante o alinhamento entre governo, sociedade civil, indústria e companhias aéreas em relação aos objetivos e ao caminho para a descarbonização”.